segunda-feira, 1 de agosto de 2011

CONFESSO MINHA INVEJA...

Confesso minha inveja ao que acredita
numa vida futura, sem maldade,
vida pura, escudada na bondade,
imune às frustrações e à desdita.

Invejo o que aceita o sofrimento
como fato normal ou provação,
teste, mas necessário, condição
para junto aos eleitos ter assento.

Sofrer, e fazer disso o instrumento
da própria salvação, é desejável;
portanto, sinto inveja e me lamento,

pois que, em nada disso acreditando,
acresço a desventura inelutável
                   que esta descrença cruel vai agravando

Cláudio Martins

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